quinta-feira, 30 de julho de 2020

O DJ

Com o passar dos dias começo a racionalizar a situação e a perspectivar as coisas. 
 
A princípio, senti-me a a enlouquecer. As tuas palavras de sábado à noite "foram 3 dias porra, temos 15 anos ou quê?",não me saíam da cabeça e comecei de facto a por-me em causa porque poderia estar fragilizada por outras situações.

Contudo, apesar de sábado, em que para não variar apanhei uma bebedeira de caixão à cova, e peço-te desde já desculpa pelo meu comportamento (do qual 90% não me recordo) - sei que te escrevi um bilhete do qual não faço ideia do conteúdo, porque por um lado estavas a trabalhar na tua cabine mágica e, porque por outro já nem eu me aturo bêbeda. 

Mas, que fique claro que, em geral, pela parte que me toca, o nosso contacto sempre foi bastante sóbrio.
Apesar de saber que o teu argumento é "eu sou assim" e pronto, tens que ter alguns factores em consideração, alguns dos quais já te expliquei inúmeras vezes...

Na primeira noite que saímos, passaste o tempo a interrogar-me, com uma constante e insaciável curiosidade; acompanhavas cada pergunta com um olhar perscrutrador e incisivo, como se eu estivesse num concurso de tv e cada resposta fosse determinante para o que aconteceria a seguir...quanto muito poderias sair disparado a qualquer momento. Resposta errada. Sorry. 

Senti-me incomodada, analisada ao milimetro e ao bisturi, ao mesmo tempo que recebia, com  receio, a tua amargura e desilusão, visão algo triste do mundo , e tentava ser paciente contigo. Mas atingiste-me em cheio quando me acusaste de não me "entregar",de ter "muralhas e defesas"...sentias-te exposto certamente. Senti-me coagida a partilhar algo contigo, porque essa acusação estava há muito no meu curriulum...

No fim da noite, já sabia de cor as expressões dos teus olhos e que, apesar de tudo, havia generosidade em ti. E que querias saber tudo. E foi então, quando me preparava para sair do carro que disseste "Como é que é amanhã?"  
 

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